Uma "miCRÔnica" pra iniciar os trabalhos no blog, não se assustem se encontrarem algumas crônicas aqui, de tempos em tempos pago uma de Bial ou Jabor e arrisco escrevendo umas crônicas...
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Futebol & Paixão
Como um esporte tão simples pode apaixonar tanta gente? Alguns dizem que talvez seja a emoção que o jogo passa e os resultados que acontecem nos últimos segundos de partida, mas porquê será que esportes muito mais empolgantes e movimentados como basquete e automobilismo não levam tanta gente a acompanha-los quanto o futebol leva aos estádios em todo mundo? Talvez seja por conta da plástica fundamentada no jogo, os lindos dribles, os belos chutes e os golaços, entretanto esportes muito mais agradáveis aos olhos que o futebol, como beisebol onde o rebatedor tem que ter uma exímia técnica para acertar aquela pequena bola menor que uma laranja numa fração de segundos, ou o voleibol no qual os jogadores possuem a habilidade de manter a bola longe do solo e prepara-la pra ser encravada no lado adversário da quadra não são tão populares quanto o esporte fundado por Charles Miller, batizado de “o esporte das multidões”. Eu teimo em acreditar que esse amor cego que toma os seus enamorados seja pelo simples fato do futebol encantar as pessoas pelo seu charme, como uma bela mulher de uma enorme simpatia conquista um homem. A mística criada em torno do futebol é única e inigualável, nenhum esporte consegue criar um clima tão festivo quanto o futebol. Principalmente para nós brasileiros, as Copas do Mundo que o digam...
Sou apaixonado por futebol desde os meus cinco anos de idade, quando ganhei minha primeira bola, e sou muito suspeito pra defender teses ou argumentos que provem a relação do futebol e paixão, apesar de ter na maior parte do tempo convivido com primos e tios que concluem erroneamente que futebol não passa de 22 idiotas correndo por uma bola, não sabem eles que futebol não se resume a só isso, ele se apresenta como um esporte dinâmico e inteligente, em que o jogador tem que tomar decisões em poucos segundos. Apesar de ter um romance longo com a bola a paixão veio a aflorar como mais rubor na minha adolescência, quando comecei a perceber que futebol não se simplificava a fazer gols ou a perder e ganhar, mas sim que existia uma ciência por trás disso tudo (E PVC seria um Ph.d 8) ). Uma ciência humana, inexata e surpreendente.
Talvez a explicação mais coerente com relação a futebol e paixão é que a maioria dos aficionados não sejam apaixonados pelo esporte que consiste em colocar uma bola dentro da meta protegida por um goleiro, mas sim que esses sejam apaixonados pelos seus clubes. Quantas pessoas vão a um estádio assistir a um jogo simplesmente pelo fato de querer apreciar um bom (ou mau) futebol? Nenhuma. As que comparecem ao estádio vão pra apoiar ou no mínimo acompanhar seus times do coração, mesmo que o futebol seja de péssimo nível. Não quero incriminar ninguém ou fazer acusações impensadas e forçar a todos cometer mea culpa, por fazerem isso, mas penso que isso seja, mesmo que de uma forma indireta, a força motora que move o futebol, que encanta quem gosta de um determinado time como um garotinho apaixonado pela sua vizinha, que faz com que milhares de pessoas se reúnam em estádios pra torcer por um mesmo grupo de indivíduos iguais a eles e muitas vezes endeusá-los ou condená-los por feitos memoráveis ou erros crassos, e que por seguidas vezes nos fazem chorar de alegria ou de tristeza, de comemorar feito loucos ou praguejar embevecidos de raiva, ou como diria Mille Lacombe várias situações “bipolares”, tal qual um casamento, até que a morte nos separe.